Afasta-se lentamente para alçar voo
Voa no frenesi que alcança
Abre-se e fecha-se forte e feroz
Afagos, fecundos...
Torna-se o cálice, experimenta-se o sabor
A língua sente a personalidade da taça
Sorve lentamente e toma um gole e outro
E com o olhar percorre a garrafa
Dedilha as teclas de um piano antigo
Toca a sinfonia que o frensi se lança
Volta ao voo do criar feroz
Faz de cada nota um gozar profundo
Explora a montanha com força heróica
Escala, sobe, alcança...
E lá no limiar entre o desejar e o querer
Admira com exaustão uma paisagem interna
Única, duplicada em olhares múltiplos
Recolhe a palavra
Aumenta o silêncio
E aterrisa sobre um solo ou um colchão
Voo perfeito ou em confusão
Agora o voo é seu
Segue soturno e forte
No corpo, na vida, na mente e na morte.